segunda-feira, 29 de outubro de 2012

UMA OUTRA FORMA DE FAZER POLÍTICA É POSSÍVEL





Termina aqui a nossa jornada conjunta, uma jornada feita com muita garra, alegria e esperança. Os quase 30% de votos válidos conquistados por Marcelo Freixo aqui no Rio de Janeiro têm um significado muito especial. Eles mostraram que há alguma coisa de novo na política, particularmente na nossa Cidade. É possível fazer política movido por ideais, por propostas, por projetos. A campanha demonstrou isso, por onde passou, mobilizou a juventude, reanimou os movimentos sociais, resgatou o sentido de lutar por mudanças, foi uma lufada de vento renovador, diante da velha política fisiológica de sempre. Lutamos contra a manutenção do ‘status quo’, contra a máquina da Prefeitura, contra uma desfigurada coligação de 20 partidos, contra uma campanha rica e apoiada pelo poder econômico, e que teve ao seu lado apoios importantes como o do ex-Presidente Lula e da Presidenta Dilma, e mesmo assim nosso candidato conquistou quase 30% dos votos válidos. Sabíamos que Marcelo Freixo era o melhor candidato, que ele encarnava o que havia de melhor em nossa sociedade, mas o resultado alcançado é quase um milagre, diante das circunstâncias.
Nós, ‘petistas com Freixo’, não nos arrependemos de nossa decisão. Desobedecendo as decisões do nosso partido na Capital, decisões essas tomadas sem debate democrático interno, assumimos os riscos de ousar seguir nossos corações e nossos ideais. Denunciamos as práticas cada vez mais pragmáticas e fisiológicas que vem dominando nosso partido, e resolvemos marchar com Marcelo Freixo. Contribuímos com propostas para o programa de Governo, organizamos reuniões e comícios domésticos, fomos às ruas para participar das atividades, aqui e ali nossas bandeiras vermelhas voltaram a tremular, relembrando históricas campanhas do PT, panfletamos, discutimos propostas, pedimos votos, demos nossa modéstia contribuição para conquistar esses 900 mil votos. Fomos muito bem recebidos, marchamos lado a lado com militantes do PSOL, do PCB, dissidentes do PDT e de outros partidos que vieram se juntar a esta jornada de luta e de criatividade. Criamos um blog, lançamos um abaixo-assinado com mais de 170 apoios, travamos o bom combate, dentro e fora do PT, cumprimos nosso papel, mostrando aos eleitores e cidadãos que ainda existe um outro PT, um PT de luta, que tem compromisso com a ética e com alianças programáticas, que não abre mão de sua história e de sua identidade. Estamos felizes, cientes que fizemos a nossa parte.
E agora, o que fazer de toda esta energia despertada durante a campanha eleitoral? O que fazer com todo este capital humano e político? Em primeiro lugar, sempre defendemos que a luta institucional eleitoral é importante, e deve ser travada, pois ela determinará o tipo de políticas públicas que predominará no próximo período, na Cidade, no Estado ou no País. Mas, também sempre defendemos que a luta institucional eleitoral deve estar subordinada às lutas sociais mais gerais do nosso povo. Portanto, nossa primeira proposta, a todos aqueles que participaram e colaboraram com a campanha de Marcelo Freixo é: continuem alertas, continuem na luta, abracem seu movimento social, sua associação de moradores, seu sindicato, sua ong, sua entidade, e porque não, os partidos políticos comprometidos com mudanças. Uma sociedade é cada vez mais democrática e mais justa, quanto mais forte é a sua organização social autônoma.
Em segundo lugar, é necessário estar alerta e organizado, para fiscalizar o Poder Público, em particular a próxima gestão da Prefeitura. Acompanhar os mandatos de vereadores eleitos, fortalecendo os mais progressistas e comprometidos com o nosso povo, monitorar as políticas públicas que serão implementadas, denunciar os equívocos e abusos, a política de remoções, o compadrio com as máfias empresariais da construção civil e do transporte público. Nós, do PT, que agora teremos o Vice-Prefeito, e certamente Secretários Municipais, não podemos abrir mão de pressionar, cobrar coerência programática, colocar o dedo nas feridas expostas, denunciar o fisiologismo e o pragmatismo, a possível perda de identidade de nosso Partido à frente da nova gestão da Prefeitura. Acabou a campanha eleitoral, mas não acabou a disputa pelo tipo de Cidade que queremos. Vamos continuar debatendo a Cidade e seu futuro, e mobilizando a cidadania na luta pelos seus direitos.
Por fim, fortalecer os partidos, para nós, significa fortalecer o PT, o Partido dos Trabalhadores. Não, não pretendemos ingressar no PSOL. Continuaremos aonde sempre estivemos, lutando internamente para resgatar os princípios e valores que levaram à criação do PT, há mais de 30 anos atrás, transformando-o no principal partido da esquerda brasileira. Continuaremos a defender as conquistar dos Governos dos Presidentes Lula e Dilma, como a distribuição de renda, a criação de empregos, o combate à miséria, as políticas sociais inclusivas, a política externa independente, mas não nos calaremos na hora de denunciar os ‘mal feitos’, os equívocos, as miopias políticas, as alianças fisiológicas, o excesso de pragmatismo, os desvios éticos. Nestas eleições, como em outras, o PT teve vitórias e derrotas, e esperamos que elas sirvam para nos ensinar algumas lições. O PT foi o partido que teve mais votos no 1º turno, alcançando mais de 17 milhões de votos. Conquistou 626 Prefeituras, no 1º. turno, e outras XX no 2º. turno, entre as quais a da maior Cidade do Pais, São Paulo. Mas, tivemos derrotas importantes, também, como os resultados de Porto Alegre, Recife e Fortaleza. Sem falar no Rio de Janeiro, aonde o partido foi ‘abduzido’ na campanha majoritária, e na proporcional elegeu 04 vereadores, mas apenas 01 deles identificado com a história do partido. Nosso partido conseguirá tirar as lições mais importantes desses resultados? Só o futuro o dirá.
O PSOL sai dessas eleições maior do que entrou. Elegeu seus 02 primeiros Prefeitos, o primeiro do Estado do Rio, Itacoatiara, e o primeiro de uma Capital, Clécio Luiz em Macapá-AP. A votação do PSOL no 1º. Turno, não apenas no Rio de Janeiro, mas também em outras Cidades, como Belém, Macapá, e Niterói, entre outras, retira o PSOL do isolacionismo, e o coloca como verdadeira opção partidária dentro do espectro da esquerda brasileira. Entenderá o PSOL o papel que poderá vir a cumprir, no futuro, junto com os demais partidos da esquerda brasileira? Entenderá o PT que o PSOL poderá vir a se constituir num aliado político bem mais confiável, num futuro próximo, do que partidos como PMDB, PP, PR, PTB, PRB e outros que tais? Vamos continuar a assistir cenas e posturas de profundo sectarismo a autofagia no âmbito da esquerda brasileira, com PT e PSOL buscando se descontruir mutuamente, para alegria dos partidos de centro e de direita? Ou vamos amadurecer juntos, corrigindo nossos erros e criando as condições para uma convivência mais harmoniosa e construtiva?
Estaremos juntos ou separados, nas próximas eleições, em 2014? Seremos capazes de construir, aqui no Estado do Rio de Janeiro, uma proposta de candidatura que unifique a esquerda, e seja capaz de empolgar corações e mentes da juventude e da militância social, como o fez a candidatura de Marcelo Freixo nestas eleições? Teremos generosidade suficiente, e capacidade de engenharia política para construir esta alternativa comum? Eis aí o desafio. O futuro nos dirá se esta campanha terá deixado seus frutos, terá nos amadurecido a todos, oi foi apenas mais uma onda passageira.
O grupo ‘petistas com Freixo’ se dissolve agora, mas continuaremos atuando, nas lutas sociais do nosso povo, na nossa Cidade, em nosso Estado, e no âmbito nacional, dentro e fora do nosso partido, dando nossa modesta contribuição, cientes de que uma outra forma de fazer política é possível, com generosidade, princípios e muita vontade de mudar pra melhor as condições de vida do nosso povo.
Petistas com Freixo

Nenhum comentário:

Postar um comentário